Feudalismo




Feudalismo

 


Origem

A origem do feudalismo remonta à crise do Império Romano. A partir do século III passa a haver um processo de declínio do poderio de Roma. Com o cessar das guerras, a estrutura produtiva romana – escravismo – entra em bancarrota.

Os escravos, prisioneiros de guerra, se tornaram uma mercadoria escassa a partir do momento em que as guerras conquistadoras do Império Romano cessaram. Com a diminuição da oferta de mão-de-obra, consequentemente, seu preço se eleva, de modo que toda a cadeia produtiva é afetada. A diminuição da produção afetava o nível de exportações romanas que, por sua vez, compunha o mais importante fator gerador de riqueza do império. Com a geração de riquezas declinando, Roma passa a ter que gastar os despojos de guerra. O empobrecimento do Império promove um êxodo urbano. Os grandes proprietários de terra, dada a falta e o alto preço da mão-de-obra, passam a arrendar suas terras aos colonos – a plebe urbana e até escravos – que ganham o direito de viver da e na terra, dando ao senhor parte de sua produção, em troca de proteção e do direito de ali viver. Inicia-se o colonato, estrutura produtiva baseada em relações de reciprocidade – entre o colono e o senhor – cujo resultado é a diminuição da produção e do comércio. 

Aproveitando-se do enfraquecimento do Império Romano, os bárbaros germânico invadem Roma e em 476, tomam o império.

OBS: No século IV o Império Romano havia sido dividido em dois: o Império Romano do Ocidente e o Império. Romano do Oriente. Os bárbaros germânicos, no século V, tomam o Império Romano ocidental, enquanto o oriental perduraria até o século XV, quando em 1453 é tomado pelos turcos otomanos, pondo fim ao feudalismo.

A partir da tomada dos bárbaros, o processo de êxodo urbano chega ao seu auge. Muitos do líderes das tribos germânicas tornam-se senhores da terra, “empregando” camponeses numa relação de servidão, baseada na autossuficiência da vila (grande propriedade) onde o servo camponês produzia para si e para o senhor. Não obstante, no século VIII, os árabes tomam o Mediterrâneo, impossibilitando o comércio com o oriente. Com a diminuição do comércio, chegando à quase inexistência, as vilas se isolam, produzindo para autossuficiência, autonomamente, chegando mesmo a ter regras/governo próprio cujos desdobramentos resultam no feudalismo. 



Característica 

  • A  sociedade era dividida em três grupos sociais: o clero, a nobreza e os servos. O clero era responsável por rezar e exerciam uma grande influência política sobre as pessoas daquela época. Os nobres também eram chamados de senhores feudais, eles negociavam com o rei (trabalhavam no exército em troca de terras). E os servos eram a maior parte da população camponesa, bastante explorados e tendo que pagar tributos.
  • A relação de suserania consistia em: um nobre (suserano) doava um feudo para outro nobre (vassalo), e em troca, recebia fidelidade e favores (às vezes militares). O maior suserano era o rei, que fazia esses acordos com os nobres o tempo inteiro.
  • O comércio não era forte, logo, a base da economia feudal era agrária. Na falta de comércio, a unidade econômica principal era o feudo. 
  • O feudo dividia-se em três partes: a propriedade individual do senhor, o manso servil e manso comunal.
  • Alguns tributos e impostos principais da época: Capitação (pagamento por cada membro da família), Dízimo, Corveia (trabalho nas terras dos senhores durante alguns dias na semana).
  • O Feudalismo foi criado a partir da fusão dos costumes dos povos germânicos e romanos.
  • Todos os poderes (jurídico, econômico e político) concentravam-se nas mãos dos senhores feudais. A população era estática e hierarquizada.
  • A Igreja Católica dominava o cenário religioso, e aproveitando esse poder, ela influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento durante a Idade Média. Também tinha poder econômico, pois possuía terras e até mesmo servos trabalhando.
  • As guerras aconteciam, pois eram uma das principais formas de se obter poder e aumentar suas terras. Os nobres guerreavam com frequência, já que eram gananciosos.
  • Apenas os filhos dos nobres tinham direito à educação. Era ensinado para eles: o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerra. Enquanto isso, a maior parte da população era analfabeta e sequer tinha acesso a livros.
  • O meio artístico dessa época era totalmente influenciado pela igreja. As pinturas retratavam as passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos, assim como os vitrais.
  • A queda do sistema feudal ocorreu por causa das crises econômica, ideológica, social e religiosa. Uma série de fatores acontecia simultaneamente (poder que se tornou centralizado, população aumentando e a produção de alimentos sem conseguir acompanhar, agricultura perdendo espaço para o mercado, a peste negra, surgimento da burguesia, Igreja Católica sendo questionada, etc.).


Sociedade 

A sociedade feudal era composta por três classes básicas: Clero, Nobres e Servos. A estrutura social praticamente não permitia mobilidade, sendo portanto que a condição de um indivíduo era determinada pelo nascimento. As terras eram divididas em feudos, onde havia um senhor, o senhor feudal que mandava em tudo no local. O senhor era o proprietário dos meios de produção, enquanto os servos representavam a grande massa de camponeses que produziam a riqueza social. Cada feudo tinha sua moeda, leis, tecnologia e às vezes a própria língua (o tamanho dos feudos eram tão grandes que não havia comunicação entre eles a não ser em caso de guerra, fazendo com que cada um tivesse um desenvolvimento diferente. O clero possuía grande importância no mundo feudal, cumprindo um papel específico em termos de religião, de formação social, moral e ideológica. No entanto esse papel do clero é definido pela hierarquia da Igreja, quer dizer, pelo Alto Clero, que por sua vez é formado por membros da nobreza feudal. Originariamente o clero não é uma classe social, pois seus membros ou são de origem senhorial (alto clero) ou servil (baixo clero).

A maioria dos livros de história retrata a divisão desta sociedade segundo as palavras do Bispo Adalberon de Laon: "Na sociedade alguns rezam, outros guerreiam e outros trabalham, onde todos formam um conjunto inseparável e o trabalho de uns permite o trabalho dos outros dois e cada qual por sua vez presta seu apoio aos outros".

Os servos tinham de pagar muitas taxas aos senhores feudais, como: 

  • Corvéia: O servo deveria prestar trabalho gratuito ao senhor feudal.
  • Capitação: Imposto anual pago por cada indivíduo ao senhor feudal.  
  • Banalidade: Pagamento de uma taxa por utilizar os instrumentos do senhor feudal.
  • Talha: Parte da produção do servo deveria ser entregue ao nobre.
  • Heriot: Taxa paga pelo servo ao assumir o feudo no lugar de seu pai que veio a morrer. 


Economia 

Em linhas gerais, a economia feudal se desenvolveu graças ao processo de ruralização desencadeado pela crise do Império Romano. Sem poder usufruir de baixos custos de produção obtidos pela grande mão-de-obra escrava disponível, os grandes proprietários começaram a arrendar as suas terras com o objetivo de, ao menos, garantir as condições necessárias para o próprio sustento. Ao mesmo tempo, a desvalorização das atividades comerciais por parte dos povos germânicos também foram de grande importância para a consolidação de uma economia predominantemente agrária.

Nos feudos, o desenvolvimento de técnicas agrícolas de baixa produtividade impedia a obtenção de excedentes possivelmente utilizados na realização de atividades comerciais. Ao mesmo tempo, os instrumentos de arado e a qualidade das sementes impediam colheitas expressivas. As terras férteis eram dividias entre os mansos senhoriais, pertencentes ao senhor feudal; os mansos servis, destinados à produção agrícola das populações camponesas; e o manso comum que era utilizado por todos habitantes do feudo.

A disponibilidade de terras férteis era preocupação constante entre os camponeses. Dessa forma, para prolongarem o tempo útil de uma área agrícola, realizava-se um sistema de rotação de culturas. Nesse sistema, um campo tinha dois terços de sua área ocupado por duas diferentes culturas agrícolas. A outra parcela era deixada em descanso, recuperando-se do desgaste das colheitas anteriores. A cada ano, as parcelas trabalhadas e preservadas revezavam-se entre si, aumentando o tempo útil de um determinado campo.

De fato, o comércio perdeu bastante espaço nesse contexto. No entanto, as poucas trocas comerciais que aconteciam se davam através das trocas naturais. Gêneros agrícolas eram raramente utilizados para a obtenção de ferramentas ou outros tipos de alimento em falta em determinado feudo. Somente com o incremento das atividades agrícolas e o crescimento demográfico que o quadro da economia feudal sofreu as primeiras transformações responsáveis pelo surgimento de uma classe de comerciantes burgueses. 



Crise do sistema feudal 

O feudalismo foi um período da história marcado pelo grande predomínio católico quanto à posse de terras e o seu desenvolvimento está ligado diretamente a dois momentos históricos: a crise do império romano e as invasões bárbaras.

A crise do feudalismo, a partir do século XI, aconteceu com o desenvolvimento do capitalismo mercantil, que necessitava da expansão do comércio e da ampliação dos lucros; e das cidades, pois no mundo feudal o que prevalecia era uma sociedade rural.

Entre os fatores que contribuíram para a crise do feudalismo podemos destacar a necessidade da nobreza em ampliar a arrecadação de dinheiro para custear os gastos públicos, o processo de urbanização que gerou a expansão do comércio, promovendo novas relações de trabalho, como o regime assalariado; e, principalmente, o surgimento de uma nova camada social chamada burguesia. Essas mudanças ocorreram, em grande parte, nas regiões da Europa Ocidental, que aderiram com mais facilidade às transformações relacionadas ao aumento das atividades comerciais e ao aumento populacional.

As mudanças econômicas no lado Ocidental se deram em razão da pouca terra disponível e da alta densidade demográfica, que eram características menos propícias para as relações feudais e mais favoráveis para o desenvolvimento do comércio. Assim, diante das poucas terras disponíveis nessas regiões, o comércio tornou-se uma alternativa econômica para os burgueses em relação à comercialização de produtos manufaturados, uma vez que o crescimento urbano aumentou o número de mercados consumidores.

O aumento das atividades comerciais contribuiu para a utilização da moeda na economia e para o aumento da produtividade, visando uma maior margem de lucros. O espírito empreendedor influenciou as relações comerciais rumo a mudanças econômicas mais profundas, que foram dando origem ao capitalismo, que tinha por objetivo o aprimoramento nas técnicas de produção, a organização do trabalho e a ampliação dos negócios. 

Portanto, o sistema feudal não conseguiu acompanhar as mudanças em relação ao crescimento das cidades e da população, e nem ao surgimento da burguesia e o florescimento do espírito capitalista. Assim, a crise do feudalismo deu origem às práticas capitalistas que introduziram novas relações econômicas, gerando mais mudanças e mais transformações a partir do século XII, que impulsionou a passagem da Idade Média para a Idade moderna. 



Feudalismo e Capitalismo (Comparativo) 

Feudalismo: existiu na Europa durante a Idade Média (período da História entre os séculos V e XVI). 
Capitalismo: começou a se formar na Europa durante o século XV, ganhou grande impulso durante a Revolução Industrial (século XVIII) e se espalhou pelos quatro cantos do mundo. Está presente na economia da maioria dos países atuais.

Feudalismo: Trabalho servil.
Capitalismo: Trabalho assalariado.

Feudalismo: Agricultura era o principal setor da economia
Capitalismo: Comércio, finanças e indústria prevalecem no sistema capitalista.

Feudalismo: Economia baseada, principalmente, em trocas de mercadorias. Pouco uso de moedas.
Capitalismo: Economia baseada na compra e venda de produtos com ampla utilização de moedas.

Feudalismo: Trabalhador preso à terra, devendo obrigações ao senhor feudal.
Capitalismo: Trabalhador livre para escolher a empresa na qual vai trabalhar.

Feudalismo: Poder econômico concentrado nas mãos dos senhores feudais.
Capitalismo: Poder econômico nas mãos da burguesia comercial, financeira e industrial.

Feudalismo: sistema artesanal de produção de mercadorias.
Capitalismo: sistema de produção baseado no uso de máquinas.

Feudalismo: sociedade com pouca mobilidade social.
Capitalismo: sociedade com maior mobilidade social.

Feudalismo: baixo avanço no desenvolvimento de tecnologias.
Capitalismo: grandes avanços no desenvolvimento de tecnologias.

Feudalismo: prevalência do sistema de subsistência.
Capitalismo: prevalência do sistema visando o lucro, acúmulo de capital e enriquecimento.





Fontes
http://www.estudopratico.com.br/caracteristicas-do-feudalismo/
https://portaldoestudante.wordpress.com/2011/07/04/a-origem-do-feudalismo/
http://www.brasilescola.com/historiag/economia-feudal.htm
http://www.csj.g12.br/info/idademedia/sociedade_feudal.htm
http://www.suapesquisa.com/historia/feudalismo_capitalismo.htm
http://www.alunosonline.com.br/historia/crise-sistema-feudal.html


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